Pele de Tilápia pode ser usada na cicatrização de queimaduras em humanos

A iniciativa vai beneficiar pacientes vítimas de queimaduras de segundo e terceiro grau


Temas relacionados à saúde despertam minha curiosidade especialmente quando trata-se de inovação  e conheci esse projeto através da empresa que trabalho (CompanhiaEnergética do Ceará - Coelce) e compartilho no blog porque além de ser um assunto super interessante e sério, é também algo que vem sendo desenvolvido por profissionais brasileiros, aqui do Nordeste,  o que deve nos encher de orgulho!


Idealizado pelo médico pernambucano especializado em cirurgia plástica, Dr. Marcelo Borges, e apoiado pela área de Pesquisa e Desenvolvimento da Coelce/ANEEL, o Projeto Pele de Tilápia está sendo implementado no Instituto de Apoio ao Queimado, em Fortaleza, sob coordenação do médico Dr. Edmar Maciel, presidente do Instituto e também conta com a parceria do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará, onde os primeiros testes experimentais em camundongos foram realizados. A expectativa é que o tratamento de queimados com curativos e pomadas pode estar com os dias contados.



Esse estudo é pioneiro no Brasil e propõe o uso da pele da Tilápia como curativo biológico temporário nos pacientes, em especial no tratamento de queimaduras por choques elétricos. O novo método promete diminuir a dor, o risco de infecção e melhorar a cicatrização das feridas.

De acordo com o Dr. Edmar Maciel, o uso de peles de animais na regeneração de pele humana existe em países da Europa e nos Estados Unidos, onde se costuma utilizar pele de porco e de cachorros. No Brasil, não existe essa possibilidade por falta de estudos na área e pelo alto custo de importar os produtos necessários para o país. “O Brasil está 45 anos atrasado no tratamento local de queimaduras na rede pública”, apontou o especialista, que fez questão de salientar que já não se faz mais o uso de cremes e pomadas em nações mais desenvolvidas.

Utilizando animais como porcos e cachorros no tratamento de queimaduras existe o risco de transmissão de doenças terrestres, como a Encefalopatia Espongiforme Bovina – conhecida como o “mal da vaca louca” e a vantagem apresentada pela Tilápia é por ser um animal aquático e não ter contato com esse tipo de doença.

A equipe que desenvolve o estudo visitou pisciculturas no Açude Castanhão, na cidade de Nova Jaguaribara, a fim de analisar como a tilápia é criada e o que é necessário para o uso da pele e o  Dr. Edmar Maciel também explicou que a pele humana e do peixe são semelhantes em aspectos importantes, como a resistência, a umidade e quantidade de colágeno existente.

Além de todos os cuidados durante a criação, a pele da tilápia é esterelizada antes de ser usada no tratamento e o processo de descontaminação foi adaptado dos conhecimentos que o Dr. Marcelo Borges adquiriu no Banco de Pele do IMIP. A pele só é retirada quando o peixe  alcança o peso de 1,2 kg.



No Brasil, só há quatro bancos de pele para tratamento com pele humana, e desses quatro bancos, apenas três funcionam e com material que atende somente 1% da demanda.

Atualmente, o projeto encontra-se na fase de testes de alergia e sensibilidade da pele da tilápia em humanos e se os resultados forem positivos, a tecnologia pode chegar na rede pública em três anos. Em execução desde 2013, a previsão é que a iniciativa seja concluída em julho de 2018.


COMO SURGIU A IDÉIA?

A idéia para a pesquisa surgiu depois que o cirurgião 
Dr. Marcelo Borges leu uma matéria em 2010 com título “Couro de Tilápia vira artesanato”.

Pensou que se a a pele tinha a delicadeza suficiente para virar um acessório feminino, ela também poderia ser usada como cobertura para uma ferida e como Dr. Borges já tinha experiência com o uso da pele de rã como curativo em pacientes vítimas de queimadura, o experimento com a pele do peixe ficou mais fácil e no decorrer dos estudos, a tilápia mostrou ser uma melhor opção.

A pesquisa não foi desenvolvida no estado de Pernambuco por falta de apoio e as duas primeiras fases, chamadas
 Tilápia Hands On, foram feitas em Recife, mas esbarraram na falta de verba.

Veio ganhar impulso com a parceria financeira da Companhia Energética do Ceará - Coelce através do recurso de P&D Coelce regulado pela ANEEL e apoio técnico junto ao Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do Ceará (UFC).


COMO FUNCIONA?

Ao ser colocada na ferida, a pele de tilápia funciona como um tampão feito com tecido vivo, evitando a contaminação, perda de líquido e proteína e evitando as trocas diárias de curativos, que são dolorosas para os queimados.

Depois que o médico fizer a raspagem cirúrgica para retirar a pele morta do paciente, a ferida será coberta com a pele do peixe. Enquanto o material estiver sobre o queimado, vai proteger como se fosse a própria pele da vítima.

Dentre os benefícios da nova tecnologia está a proteção contra infecções e a eliminação da dor, porque as terminações nervosas não vão ficar expostas. A perda de líquido também será minimizada.
  

"Um grande queimado, que teve mais de 30% do corpo ferido, chega a perder de três a quatro litros de água por dia, pelas queimaduras. Com as feridas cobertas, isso não vai mais acontecer", pontua Dr. Borges.


EQUIPE

Dr. Marcelo Borges (Hospital São Marcos Pernambuco)
Dr. Edmar Maciel (Presidente do Instituto de Apoio ao Queimado)
Dr. Nelson Piccolo (Pronto Socorro para Queimados Goiânia)
Engº Saulo Cunha (Companhia Energética do Ceará)

FONTE










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