Pele de Tilápia pode ser usada na cicatrização de queimaduras em humanos
A iniciativa vai beneficiar pacientes
vítimas de queimaduras de segundo e terceiro grau
A idéia para a pesquisa surgiu depois que o cirurgião Dr. Marcelo Borges leu uma matéria em 2010 com título “Couro de Tilápia vira artesanato”.
Temas relacionados à
saúde despertam minha curiosidade especialmente quando trata-se de inovação e conheci esse projeto através da
empresa que trabalho (CompanhiaEnergética do Ceará - Coelce) e compartilho no
blog porque além de ser um assunto super interessante e sério, é também algo
que vem sendo desenvolvido por profissionais brasileiros, aqui do Nordeste, o que deve nos encher de orgulho!
Idealizado pelo médico pernambucano especializado em
cirurgia plástica, Dr. Marcelo Borges, e apoiado
pela área de Pesquisa e
Desenvolvimento da Coelce/ANEEL, o Projeto Pele de Tilápia está sendo implementado no Instituto de
Apoio ao Queimado, em Fortaleza, sob coordenação do médico Dr. Edmar Maciel, presidente do Instituto e também conta com a parceria do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará,
onde os primeiros testes experimentais em camundongos foram realizados. A
expectativa é que o tratamento de queimados com curativos e pomadas pode estar
com os dias contados.
Esse estudo é pioneiro no Brasil e propõe o uso da
pele da Tilápia como curativo biológico temporário nos pacientes, em especial
no tratamento de queimaduras por choques elétricos. O novo método promete
diminuir a dor, o risco de infecção e melhorar a cicatrização das feridas.
De acordo com o Dr. Edmar Maciel, o uso de peles de animais na regeneração de pele
humana existe em países da Europa e nos Estados Unidos, onde se
costuma utilizar pele de porco e de cachorros. No Brasil, não existe essa
possibilidade por falta de estudos na área e pelo alto custo de importar os
produtos necessários para o país. “O Brasil está 45 anos atrasado no tratamento
local de queimaduras na rede pública”, apontou o especialista, que fez questão
de salientar que já não se faz mais o uso de cremes e pomadas em nações mais
desenvolvidas.
Utilizando animais como porcos
e cachorros no tratamento de queimaduras existe o risco de transmissão de
doenças terrestres, como a Encefalopatia Espongiforme Bovina – conhecida como o
“mal da vaca louca” e a vantagem apresentada pela Tilápia é por ser um animal
aquático e não ter contato com esse tipo de doença.
A equipe que desenvolve o
estudo visitou pisciculturas no Açude Castanhão, na cidade de
Nova Jaguaribara, a fim de analisar como a tilápia é criada e o que é
necessário para o uso da pele e o Dr. Edmar Maciel também explicou que a pele humana e do peixe são semelhantes em aspectos
importantes, como a resistência, a umidade e quantidade de colágeno existente.
Além de todos os cuidados
durante a criação, a pele da tilápia é esterelizada antes de ser usada no
tratamento e o processo de descontaminação foi adaptado dos conhecimentos que o
Dr. Marcelo Borges adquiriu no Banco de Pele do IMIP. A pele só é retirada
quando o peixe alcança o peso de 1,2 kg.
No Brasil, só há quatro bancos
de pele para tratamento com pele humana, e desses quatro bancos, apenas três
funcionam e com material que atende somente 1% da demanda.
Atualmente, o projeto encontra-se na fase de testes de
alergia e sensibilidade da pele da tilápia em humanos e se os resultados forem positivos, a tecnologia pode
chegar na rede pública em três anos. Em execução desde
2013, a previsão é que a iniciativa seja concluída em julho de 2018.
COMO SURGIU A
IDÉIA?
A idéia para a pesquisa surgiu depois que o cirurgião Dr. Marcelo Borges leu uma matéria em 2010 com título “Couro de Tilápia vira artesanato”.
Pensou que se a a pele tinha a
delicadeza suficiente para virar um acessório feminino, ela também poderia ser
usada como cobertura para uma ferida e como Dr. Borges já tinha experiência com
o uso da pele de rã como curativo em pacientes vítimas de queimadura, o
experimento com a pele do peixe ficou mais fácil e no decorrer dos estudos, a
tilápia mostrou ser uma melhor opção.
A pesquisa não foi desenvolvida no estado de Pernambuco por falta de apoio e as duas primeiras fases, chamadas Tilápia Hands On, foram feitas em Recife, mas esbarraram na falta de verba.
A pesquisa não foi desenvolvida no estado de Pernambuco por falta de apoio e as duas primeiras fases, chamadas Tilápia Hands On, foram feitas em Recife, mas esbarraram na falta de verba.
Veio ganhar impulso com a
parceria financeira da Companhia Energética do Ceará - Coelce através do
recurso de P&D Coelce regulado pela ANEEL e apoio técnico junto ao Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM), da Universidade Federal do
Ceará (UFC).
COMO FUNCIONA?
Ao ser colocada na ferida, a
pele de tilápia funciona como um tampão feito com tecido vivo, evitando a
contaminação, perda de líquido e proteína e evitando as trocas diárias de
curativos, que são dolorosas para os
queimados.
Depois que o médico fizer a
raspagem cirúrgica para retirar a pele morta do paciente, a ferida será coberta
com a pele do peixe. Enquanto o material estiver sobre o queimado, vai proteger
como se fosse a própria pele da vítima.
Dentre os benefícios da nova tecnologia está a proteção contra infecções e a eliminação da dor, porque as terminações nervosas não vão ficar expostas. A perda de líquido também será minimizada.
Dentre os benefícios da nova tecnologia está a proteção contra infecções e a eliminação da dor, porque as terminações nervosas não vão ficar expostas. A perda de líquido também será minimizada.
"Um grande
queimado, que teve mais de 30% do corpo ferido, chega a perder de três a quatro
litros de água por dia, pelas queimaduras. Com as feridas cobertas, isso não
vai mais acontecer", pontua Dr. Borges.
EQUIPE
Dr. Marcelo Borges (Hospital São Marcos
Pernambuco)
Dr. Edmar Maciel
(Presidente do Instituto de Apoio
ao Queimado)
Dr. Nelson Piccolo
(Pronto Socorro para Queimados Goiânia)
Engº Saulo Cunha
(Companhia Energética do Ceará)
FONTE
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